A abertura do ano letivo foi espetacular para a UFBA. Três dias de (re)uniões, de encontros e de gente. Muita gente. Daqui e de outros países e Estados. Cerca de 14 mil pessoas circularam, dividiram espaços, ocupam balburdiando a Universidade. Artes, Cultura e educação. Tudo junto e misturado, envolvendo docentes, discentes, convidadas/os, servidores e monitores.
Na abertura, sob a ternura de Paulo Miguez e batuta artístico-cultural, uma expressão uníssona: a UFBA resistiu aos anos mais terríveis. Há que promover e difundir conhecimento, criação de redes e ampla educação. Orquestra, coro (Madrigal), percussão (Rum Alagbê), teatro, dança convidando para o início. Plateia lotada de cores e origens plurais. A “mancha de dendê” é estampa e alegoria de quem vive a UFBA.
Um desejo de criação que coaduna com outras estreias. A efervescência movimenta a vida cultural. Assim foi a “ocupação” inaugural do Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (NEOJIBA) sob a regência de Richard Kogima (Prêmio Nelson Freire, 2022). Prêmio compartilhado com ouvintes! Nos bancos, familiares, pessoas comuns, amigos, maestro-fundador Ricardo Castro e integrantes do Neojiba. Cores e sons tomaram o ambiente, com repertório entre Mozart e Dvořák. Ademais, obra autoral do pianista-maestro, juntamente com o tenor-solista Felipe Dias, encheram o edifício. Nova formação chegando, sem perder a experiência de quem lá já estava. Os cabelos, de tantas cores e estilos, revelam mais do que paleta de tons. Para além da estética, identidades e personalidades.
Que a Universidade e a cidade sejam reencantadas pela pluralidade, sem esquecer o vivido e o futuro. Responsabilidade e criatividade para realizar não soluções perfeitas, mas combinações de escolhas e respostas que promovam o melhor do que fizemos até aqui. Uma proposição ética, criando interfaces e ampliando agendas e ações, tendo como eixo a educação para e pelos direitos humanos.
Neste caso, há que se valorizar potenciais humanos como princípios e fins em si mesmos. O que queremos e podemos? Através de artes e educação conhecer, promover e difundir princípios e experiências sociais podem ser desafios utópicos. Contudo, os instrumentos - sejam corpos insubmissos, projetos inovadores ou instrumentos musicais e vocais - conglomeram pessoas. Mesmo com situação intermitente de crises, são tais ações que nos revelam o quão emancipadora e realizadora são essas agendas. Sem dúvida, pessoas e instituições citadas aqui mostram “vontade de potência” em prol de justiça social e cidadania. Uma sinfonia do novo mundo, em ré menor, junto com Sabbatum Mundi, invocam processos intensos e bons, onde everything everywhere all at once (2022).