Li há tempos que a Metro Mondego considera que já é tempo de se pensar no(s) projeto(s) de ampliação da rede do Metrobus. Do modo em que estão as coisas, eu penso que é sempre tempo de fazer projetos de infraestruturas. Por um lado, quando chegar a oportunidade de financiamento, será sempre mais eficaz trabalhar na adaptação do que iniciar qualquer coisa de raiz. Por outro lado, quando se trata de grandes infraestruturas públicas, os cidadãos já têm uma opinião amadurecida, a participação é mais responsável e mais consequente.
Veja-se o caso da alta velocidade em Coimbra. O incumprimento do caderno de encargos pelo concorrente vencedor, que também foi o único, já provocou um atraso superior ao meio ano inicialmente previsto. Esses seis meses já passaram e o novo concurso ainda não está sequer aberto. Pelo menos que eu me desse conta pela comunicação social. Será muito difícil que o atraso acumulado, no final do processo, seja inferior a um ano.
Vêm então estas considerações a propósito da extensão da rede do Metrobus. As propostas acerca das quais se tem falado são as mais evidentes. Dentro da cidade consolidada a ligação ao Polo II; como extensão urbana, as ligações a Taveiro e Condeixa, e até a Penela, porque não? Também se tem referido Cantanhede, vejamos então.
Para a ligação ao Polo II, há várias possibilidades. Ou a partir de São José, o túnel que já esteve previsto para ligar ao recinto da feira do Vale das Flores, com uma estação no coração do Bairro Norton de Matos; ou a partir da estação “Colégios”, indo paralela à Urbano Duarte; ou ainda, muito menos eficaz porquanto afastada do hipercentro da rede, uma linha de extensão a partir da estação “Portela”.
Quanto às segundas, ligações a Taveiro e a Condeixa, a sua chave residirá sempre na construção de uma ponte no prolongamento da Rua dos Oleiros, a partir das estações “Æminium” e “Loja do Cidadão”. Esta ponte deverá ser inteiramente dedicada ao canal Metrobus, embora também possa (e deva) ter acessos pedonais e cicláveis. Este ponto urbano, estações “Æminium” e “Loja do Cidadão”, que já é a confluência das três linhas em construção, afirmar-se-á assim ainda mais como hipercentro de toda a rede, e essa circunstância será muito benéfica para a desejada recuperação da Baixa.
Já pelo que diz respeito á extensão a Cantanhede, não me parece que se deva equacionar a extensão do Metrobus, pelo menos para já. Porquê? É muito simples de explicar. O novo Plano Ferroviário Nacional, recentemente aprovado, prevê a reabilitação, eletrificação e renovação da ligação entre Pampilhosa e Cantanhede, com possibilidade de mais tarde, se estender novamente até á Figueira. Essa solução deveria constituir a ligação preferencial, por transporte público urbano, entre a nova estação de Coimbra e o centro de Cantanhede.
Não deveríamos cometer o mesmo erro que se cometeu há 15 anos atrás na Linha da Lousã, ou seja, alienar a infraestrutura ferroviária, coartando desse modo a possibilidade de estarmos ligados por carris em transporte eletrificado. A Infraestruturas de Portugal está a oferecer-nos essa possibilidade, não devemos desperdiçá-la, devemos, isso sim, defendê-la “com unhas e dentes” e aproveitá-la da melhor maneira.
Penso que estas seriam as principais prioridades de extensão da rede Metrobus. Contudo, e sempre na fase de projeto, os municípios envolvidos nessas extensões da rede deveriam acautelar as possibilidades de fazer inserção urbana e, em simultâneo, construir cidade. Isso não foi o que aconteceu na fase que agora se começa a consolidar. E, ainda mais grave, não aconteceu em pleno centro urbano de Coimbra.
Mas isso fica para uma outra crónica...