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23-06-2013        Público

Os preparativos para a Exposição do Mundo Português 2040 correm em bom ritmo, foi esta semana revelado. Depois da exaltação portuguesista da Exposição do Mundo Português de 1940, e da celebração europeísta da Expo-98, este "evento" promete redefinir o estatuto de Portugal globalmente, com realismo e latinidade. O objectivo é fazer uma exposição do "mundo português" numa perspectiva pós-colonial e pós-europeia. "Nem tanto ao mar, nem tanto à terra" é o lema mais escutado.

Foi também anunciado que o Pavilhão de Portugal 2040 será... o Pavilhão de Portugal da Expo-98, o que provocou já uma forte contestação da Federação Portuguesa de Ping Pong, que organiza anualmente um torneio internacional sob a pala do Siza.

A Exposição terá como tema Reabilitar a Reabilitação. Depois das auto-estradas na viragem do século, os anos 2010 e 2020 foram marcados por reabilitações em estilo via rápida. Na Baixa de Lisboa, dezenas de hotéis e de lojas de souvenirs expulsaram moradores e criaram um parque temático que está agora decadente e abandonado. Foi lembrado que, nos "anos da troika", as manifestações que passavam na Rua Augusta se transformavam rapidamente em grupos excursionistas e a Revolução esmorecia. Consta ainda que Fernando Pessoa já terá abandonado definitivamente a Baixa, levando consigo todos os heterónimos, menos um ou dois, just in case... No Porto, começaram a ser reerguidos interiores demolidos nessa época, a partir de desenhos e fotografias.

Um dos eventos mais emblemáticos promete ser o Dia da Ponte, em que só poderão circular na Ponte Vasco da Gama brasileiros, africanos, timorenses, goeses, macaenses (e alguns espanhóis), em nome do estreitamento de laços comerciais com os países que já conheceram a língua portuguesa. Outro ponto alto será o Pavilhão dos Portugueses no Mundo, não uma estrutura física, o que é considerado démodé (como esta palavra), mas uma proposta curatorial que prevê que os portugueses espalhados pelo mundo buzinem - ou toquem a campainha se se encontrarem de bicicleta -, a uma determinada hora, nos mais variados contextos.

Esta semana, um alto-dignitário de um país do Norte, que tem supervisionado os trabalhos, causou um embaraço histórico-diplomático quando sugeriu que a crise dos "anos da troika" podia ter sido evitada se tivéssemos recorrido às colónias africanas... "Para lá de Badajoz, ninguém conhece a História de Portugal", terá referido como desculpa.

Foi ainda revelado que as representações dos países europeus vão ficar instaladas em outlets, com destaque para a Alemanha, que ficará no Freeport, e a Finlândia numa estrutura pouco conhecida situada na Serra do Caramulo.

2040 promete ser uma festa, portuguesa com certeza. "Estamos sós, mas não orgulhosamente", refere ainda o curador principal.


 
 
pessoas
Jorge Figueira



 
temas
Portugal    arquitetura