Centro de Estudos Sociais
sala de imprensa do CES
RSS Canal CES
twitter CES
facebook CES
youtube CES
13-04-2013        Jornal de Notícias

A forma como o governo lidou com a decisão do Tribunal Constitucional (TC) e as reações de entidades e personagens ligadas às instituições que suportam a troica, confirmam que temos em Portugal uma governação de traição conduzida por Passos, Gaspar, Portas e Cia. Estes governantes, e os seus mandantes, pensam ter condições e força para declarar guerra aos portugueses, para cilindrar a soberania do país, para aniquilar a democracia. Estamos perante um banditismo político que utiliza a mentira como fator estratégico.

É claro que Passos Coelho e seus pares não desconhecem a Constituição da República Portuguesa. Eles sabiam, até por pronunciamentos anteriores do TC, que este iria, inexoravelmente, chumbar algumas normas do Orçamento de Estado (OE).

O governo agiu premeditada e ostensivamente na construção de um OE inconstitucional e, de certeza, os elementos da troica estavam informados desse objetivo. Insistiram sempre na tese de que não tinham “plano B”, desde logo para chantagear o TC e depois para, de forma mentirosa, hipócrita e cobarde, esconder na decisão do Tribunal o fracasso absoluto das suas políticas, para sustentar um ataque sem precedentes ao Estado Social e a amplas funções da Administração Pública Central e Local, para desencadear uma ofensiva contra o regime democrático.

O governo conhece, melhor que ninguém, os efeitos desgraçados das suas políticas no plano social e económico, o agravamento da dívida pública, e sabe que o desvio orçamental de 2012 é quase 3 vezes superior ao impacto das medidas travadas pelo TC.

As políticas que o governo e os seus mandantes da troica estão a impor no nosso país não são exequíveis em democracia, atentam contra a soberania do Estado português e significam um dos maiores roubos organizados a que os portugueses foram sujeitos ao longo da sua história.

Vivemos tempos muito sensíveis para o futuro deste grande projeto coletivo de um povo – com mais de oitocentos e cinquenta anos de percurso – que é Portugal. Proliferam, expressa ou implicitamente, atitudes antipatrióticas, mesmo quando alguns figurões invocam em vão a necessidade de “sentido de Estado”, ao exporem as suas propostas de saída que mais não são do que empurrar o lixo para debaixo do tapete.

O Presidente da República (PR), vergonhosamente, deu o seu alto patrocínio à operação conduzida pelo governo e pela troica e não levanta a voz em defesa da soberania do país e da exigência do respeito e da responsabilização das instituições. Será que o PR tem consciência de quanto está a contribuir para comprometer o futuro de Portugal?

É ignóbil e de um cinismo absoluto a afirmação do Primeiro-ministro “não posso permitir que se desperdicem os sacríficos feitos pelo portugueses”, quando sabe estar a preparar muitos e mais duros sacrifícios.
Gaspar é um tecnocrata absolutamente ao serviço de interesses estrangeiros.

É indispensável sacudir a charlatanice política e denunciar com força a repetição das mentiras que ainda campeia nos grandes meios de comunicação social.

A situação difícil que vivemos precisa de trabalho técnico de economistas e especialistas de várias áreas, mas a sua resolução é do campo da política no mais profundo e sério sentido da palavra. Esta perspetiva começa, felizmente, a ser partilhada por mais democratas e de diversos quadrantes.

Esperemos que o Partido Socialista não aprofunde a sua corresponsabilização no desastre e não queira que a prazo lhe caia nas mãos o papel de coveiro do regime democrático. A discussão dos problemas económicos, sociais e políticos para a saída do buraco, quer no plano nacional, quer a questão do euro ou dos caminhos a seguir na União Europeia, é uma tarefa difícil mas que urge prosseguir a partir de várias perspetivas existentes.

É um facto que não existe uma utopia credibilizada na sociedade, um projeto alternativo com força. As ideias em relação a matérias sensíveis ainda não são claras, as vontades andam dispersas. Há que deitar com vigor mãos à tarefa, discutir falando verdade ao povo, utilizar todas as disponibilidades, organizar energias. O projeto alternativo nascerá daí.


 
 
pessoas
Manuel Carvalho da Silva