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16-02-2013        Jornal de Notícias

Para a esmagadora maioria dos portugueses não está nada fácil resistir de cabeça levantada, alimentar esperança e no dia-a-dia tocar a vida para a frente.

As políticas de mentira, de encenações fraudulentas, postas em prática pelo governo e pela União Europeia (UE), ampliadas por uma praga de analistas e comentadores de serviço em grandes meios da comunicação social, geram realidades aparentes que retraem o povo nos seus justos anseios a uma vida digna, submetem-no numa exploração sem limites, isolam cada ser humano no seu sofrimento.

Recentemente foi utilizada até à exaustão a ilusão da solução financeira decorrente da “grande vitória” da ida aos mercados. Operação ardilosamente trabalhada no plano nacional e europeu, contribuiu para desarmar críticas e protestos, e acrescentou confusão no povo. Serviu para ampliar contradições no seio do Partido Socialista e fazê-lo amochar enquanto oposição que devia ser, enquanto força necessária para a construção de urgente alternativa.
Seguiram-se as manipulações em torno da discussão do Orçamento Comunitário, valorizando-se de forma desmedida os fundos de que vamos dispor, sem análise séria dos custos impostos e escondendo que desta UE – com a atual política e relação de forças – só virão medidas que limitam o nosso desenvolvimento.

A dura realidade que marca, de forma contínua, a vida dos portugueses e o rumo do país não se altera com as falsas aparências daquelas encenações. Ela prossegue na recessão económica, no brutal desemprego, na dureza dos impostos e redução de salários e pensões, na perda do poder de compra, nas falências que se multiplicam, na emigração que aumenta, na pobreza que se amplia e atinge violentamente as crianças.

O governo é mero instrumento das brutais políticas neoliberais e neoconservadoras que vão imperando na Europa.
O CDS faz de conta que discorda disto ou daquilo, apenas para tentar alguma credibilidade futura, mas amocha para salvaguardar o lugar no poder e por identidade genética com as políticas conservadoras e retrógradas que sustentam o processo.

O Presidente da República há muito que amochou, enredado em contradições de vário tipo e na falta de capacidade e de valores para estar à altura dos tempos que vivemos.
Mas, o povo não pode amochar! Se os trabalhadores e o Povo não reagirem, o descalabro continuará. Se a recessão económica em 2013 for idêntica à de 2012, o desemprego oficial aproximar-se-á dos 20% no final do ano. Isto é um desastre.

O desemprego não é apenas um drama para cada desempregado e suas famílias. É catastrófico para toda a sociedade. É a perda de produção de riqueza, de contributos para os Orçamentos de Estado e da Segurança Social; um enorme desperdício de competências e de qualificações das pessoas, que em pouco tempo aniquilará os resultados do investimento feito na educação e formação; um empurrão da juventude para fora do país, diminuindo e envelhecendo a população; um abaixamento da qualidade do emprego e desincentivo à modernização organizacional e tecnológica das empresas; um agravamento de disfunções na sociedade com aumento das desigualdades, do trabalho infantil, dos custos com a saúde; uma perda de valores sociais e de responsabilidades, que se refletirão nas relações humanas, na vida familiar, na estruturação e funcionamento da economia e da sociedade.

O governo prosseguirá sem inversão de rumo e limitar-se-á a “solicitar” aos “credores” umas concessões no pagamento da dívida, concessões essas que lhe serão garantidas na dimensão e características adequadas para manterem as políticas de austeridade e o povo a pagar a dívida em toda a dimensão e com custos elevadíssimos.
Não podemos ir no jogo. O que se exige é uma renegociação séria e profunda da dívida, que liberte recursos para o crescimento e a criação de emprego, acompanhada de políticas com dimensão social que estanquem as carências gritantes e a pobreza. Isso só é possível com uma mobilização social forte.

No seio das forças sociais, económicas e políticas democráticas e genuinamente patrióticas, não pode haver amoches ou taticismos que travem a urgência de uma nova política e de um novo governo.


 
 
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Manuel Carvalho da Silva