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13-10-2012        Jornal de Notícias

O grande desafio que se coloca hoje à esmagadora maioria dos portugueses é mesmo o de não desistir do país.
Os nossos governantes – Governo, Presidente da República e não só –, há muito abandonaram o povo, os seus direitos e interesses, e se entregaram ao triste exercício de serventuários do “governo externo”.

Não desistir do país significa, para cada português e portuguesa, tomar consciência da dura realidade em que vivemos e das causas que lhe deram origem; não desistir do combate às injustiças; afirmar o direito a viver com dignidade no seu país; lutar por um projeto de desenvolvimento e uma governação que sirvam os interesses coletivos; exigir o respeito pela soberania da sua pátria e pelos valores da democracia.

Estamos perante um difícil combate. Em resultado da destruição de emprego, da diminuição dos rendimentos, da eliminação da proteção social, dos cortes na educação e na saúde, das brutais políticas fiscais, do acelerado empobrecimento, todos os dias aumentam os riscos nas nossas vidas, crescem os medos, as inseguranças, as instabilidades. Mas, se a desistência se generalizar o país será condenado a um longo retrocesso, comprometendo o futuro de gerações.

De forma criminosa os jovens vêm sendo convidados a emigrar, a perder a esperança de viver uma vida que valha a pena no país que é seu. A eles dizemos não se submetam a essa brutalidade, rebelem-se, mandem “emigrar” os governantes que vos querem tolher o futuro. Afrontem os que procuram parasitar a vossa mocidade. O vosso gesto pode ser decisivo nestes tempos tão delicados que vivemos.

Mas a batalha não diz respeito apenas à juventude. Na semana passada fui contactado por três amigos, prestigiados professores universitários que me informaram da sua decisão de emigrar para o Brasil. Um deles parte com a perspetiva de por lá ficar, os outros com a intenção de cumprir projetos de um ano e depois logo decidirão.

São opções tomadas com dor, mas que para estes cidadãos se tornaram inevitáveis face à falta de perspetivas nas suas carreiras e às dificuldades que familiares enfrentam. Os professores e investigadores deste país não podem submeter-se a estes destinos sem antes travarem forte luta pelos seus direitos e pelo papel que devem desempenhar no desenvolvimento do seu país.


 
 
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Manuel Carvalho da Silva



 
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