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12-04-2025        As Beiras

Contextos de grande complexidade política reclamam dos partidos, desde logo em processos eleitorais, propostas fundamentadas, clarificação do que cada um considera fundamental e a expressão transparente dos compromissos possíveis para uma governação partilhada ou até de emergência. Não há soluções com “suspensão da democracia”. Também não se resolve o bloqueio com amputações de representação dos cidadãos, mesmo que feitas à custa do chamado voto útil.

A presente situação económica, social e política mundial, europeia e nacional é muito delicada. Trump, o “pistoleiro-mor” do Império em decadência, imitando outros imperadores do passado, tenta instituir a narrativa do Império roubado para justificar a sua decisão de apontar espingardas e afirmar, “agora vamos nós roubar”. Como vão organizar-se respostas a esta perigosa extrema-direita imperial? Não virão, por certo, da extrema-direita colonial (conivente com a primeira) que em Portugal tem uma expressão muito concreta no Chega e influências pontuais na Direita, inclusive na IL e no PSD.

A guerra comercial em curso – que não nasceu com Trump, mas que este está a incrementar aceleradamente – já nos apresenta algumas evidências, a primeira das quais é a necessidade de os povos não se sujeitarem a ser meros consumidores da loja do patrão. A União Europeia (UE) não se encolheu demasiado na primeira reação ao aumento das taxas. Isso é positivo, contudo, a grande fatura que Trump tem para a Europa é outra: os europeus que fiquem com os custos decorrentes da guerra na Ucrânia e comprem mais combustíveis e armas aos Estados Unidos (EUA). Com o nosso voto em 18 de maio não faz sentido reforçar quem preconiza a submissão ao Império, mas sim quem busca soluções adequadas às mudanças irreversíveis na economia internacional. Em cada país da UE é preciso fazer crescer as forças que se opõem a essa via desastrosa e se empenham em abrir relações comerciais e políticas com a generalidade dos países, desde logo com os BRICS e, muito em particular, com a China. Este país está em condições – designadamente pela posição que tem na dívida pública dos EUA – de rejeitar negociação com armas apontadas à cabeça. A China pode contribuir, neste momento histórico, para que as mudanças no comércio internacional sejam menos desastrosas. As próximas eleições são uma oportunidade para reforçar quem, de forma consequente, se bate por esta via.

Não é preciso reforçar o PSD ou o PS para que, “se o interesse nacional o exigir”, como costumam dizer os defensores do Bloco Central, os dois formarem governo. Estas forças têm representação suficiente para sustentar um governo. E, para uma solução de governação à Esquerda só existe uma via: o conjunto das forças de Esquerda ter maioria. O PS com mais votos, mas a Esquerda em minoria, jamais assegura uma alternativa de Esquerda. Se a Direita o deixasse governar sozinho, o PS ficaria sempre na sua dependência.


 
 
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Manuel Carvalho da Silva



 
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