O Dia Internacional da Paz, que hoje comemoramos, foi estabelecido por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em 1981. Os países, povos e cidadãos são desafiados a agir contra a guerra nas suas causas e consequências, a combater a violência em todas as suas formas, a garantir ajuda humanitária a todos os que dela necessitam, a estabelecer relações de respeito, cooperação e solidariedade. Somos convocados para afirmar a paz e os seus valores. A paz é imprescindível para o desenvolvimento humano e social, e para se trabalharem respostas aos grandes problemas com que a sociedade se debate, desde o climático à questão social cada vez mais explosiva.
Na Constituição da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, foi plasmado que “só se pode fundar uma paz universal e duradoura com base na justiça social” e que sempre que existirem condições de trabalho que impliquem “injustiça, miséria e privações”, será gerado “um descontentamento tal que a paz e a harmonia universais são postas em risco”.
Em 1944, para responder à destruição causada pela II guerra mundial, foi realizada a Conferência de Filadélfia, onde se proclamou que “o trabalho não é uma mercadoria” e se afirmaram bases da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). E ainda nesse ano foi estabelecido, por “45 nações aliadas” na Conferência de Bretton Woods, um compromisso que deu origem a um novo sistema monetário (e financeiro) internacional. O atual contexto de guerra e genocídio que vivemos reclama decisões de alcance idêntico.
As atuais assimetrias na divisão internacional do trabalho geram desenvolvimento desigual que se vai reproduzindo e ampliando. Muitos seres humanos, em vários continentes, são despidos dos recursos com que organizavam a sua vida, caem na pobreza absoluta e dão origem, nomeadamente, a movimentos migratórios complexos. Essa divisão assimétrica é evidente, também, no acesso a tecnologias, a novos recursos e ao conhecimento. E muitas das medidas adotadas no quadro da transição verde são transferências de danos ecológicos para países periféricos, degradando condições de vida e bloqueando opções de desenvolvimento próprias.
O funcionamento das cadeias globais de valor estão numa fase crítica e disruptiva, decorrente da confrontação geopolítica. Agravam-se subordinações. Por exemplo, da União Europeia (UE) face aos EUA nos planos económico (na indústria é bem visível), financeiro e militar. As lutas laborais nos países da UE vão ter de se ampliar com objetivos articulados que sacudam essa subordinação, que evidenciem os custos loucos de uma economia de guerra, e o roubo a que os trabalhadores e os povos estão a ser sujeitos pela financeirização da economia e pelo ataque ao Estado social.
A luta pelo trabalho digno e por existência de direitos laborais e sociais está no centro dos combates pela paz.