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02-08-2023        A Tarde [BR]

São décadas de esforços e resistências, mas sobretudo de políticas, de movimentos sociais e de ações feministas que convocam ao pensamento, às práticas não violentas e patriarcais/coloniais, racistas. Se historicamente mulheres estudarem e avançarem na formação significava uma imensa luta e as “primeiras pioneiras, que vieram antes de nós” em enfrentamentos cotidianos, imaginar isso em contexto do Tempo Presente, é no mínimo incômodo, desconcertante.

Abaixo-assinados, apoio às pessoas envolvidas, mobilizações para criar manifestações de repúdio foram convocadas nas últimas semanas pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres (NEIM), da Universidade Federal da Bahia e de inúmeras instituições apoiantes. Integrado ao ensino superior e em comemorações dos 40 anos de atuação e formação, reconhecido nacional e internacionalmente, ainda assim que uma professora da rede pública deparou-se com um parecer negativo à solicitação de licença para cursar o doutorado, sob o argumento de que gênero e feminismos não passam de militância e, por conseguinte, não podem ser classificados como campo de estudos.

Coadjuvante de um processo que se intensifica, concomitantemente, nas últimas décadas, os discursos anti-gênero e anti-feministas causam constrangimentos e incompatibilidades quanto à promoção da igualdade, do acesso às políticas públicas e linguagem e decisões também na esfera do sistema de justiça.

Quantas pesquisas já foram realizadas apontando para processos de violências institucionais, manutenção de abordagem conservadora e discriminatória, utilizando valores e “tradições” como elemento julgador?

Só no Brasil, temos grupos de pesquisa, programas de pós-graduação em suas duas modelagens (Stricto e Lato), fortes impactos e recomendações de inventigações financiadas e com alto reconhecimento na comunidade acadêmica como argumentos e justificativas sociais, científicas, pessoais e profissionais que asseguram formação de qualidade. Não é sobre negar formação, mas manutenção de ideologias.

Tomamos como parâmetro outras instâncias do sistema de justiça, a exemplo do MPBA e DPE, atentas às transformações sócio-culturais e espaço-temporais, aos acessos (justiça social, políticas sociais e criação de redes complexas), com o intuito de prevenir, coibir e erradicar qualquer tipo de discriminação, violências e processos que mantenham desigualdades, assumem postura de defesa de direitos, sejam individuais ou coletivos. Pontos de vista, baseados em senso comum não podem continuar a balizar pareceres, julgamentos, sob pena de cometermos erros crassos que afetam vidas (de pessoas, de profissionais, de instituições nas quais atuamos e da própria comunidade). Avancemos!!  


 



 
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