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27-06-2023        A Tarde [BR]

Cada vez que fechamos um ciclo acadêmico evocam-se rituais, avaliações, cumprimento do planejado. Após décadas lecionando, não lembro de uma turma tão motivada e diversa. Linguagens e tecnologias em estudos feministas foi desafio e elas acolheram ideias. De sair de “mesmices acadêmicas” (Sonia Alvarez), da revisão de si mesma (Joan Scott, por Flávia Cohim do PPGNEIM) e de metodologias que descobrissem pessoas, fazeres, saberes e tecnologias cotidianas.

Semestre literalmente out of the box com atividades que ultrapassam canônes e vislumbram temas complexos. Entre conteúdos específicos, conexões metodológicas e conversas sobre violências de gênero (vinculadas ao LESFEM - Laboratório de estudos sobre feminicídios, parceria com UEL e UFU). Ouvir poesias, assistir documentários (Rita Alcaire, CES-UC), no teatro (Bruna Rocha em “Saudades João”) e na música-álbum de Neila Kadhi (Feitura). De práxis e teorias, Judith Butler anunciando que a “vida precária” e “relatar a si mesma” só podem ser eticamente consideradas quando as vidas são vivíveis e pulsantes.

Um semestre repleto de “costuras e rendas” que enfeitaram salas, jardins e palcos em harmonia com expressões artesãs - cantadas através de vozes feministas coletoras de inspirações, cordeis e podcasts. As “costuras e rendas” contam sobre o trabalho feminino, os sonhos, a cooperação. E isso foi também conexão entre Brasil e Portugal por meio de canções do repertório do Coro das Mulheres da Fábrica (Coimbra) que aproximaram mundos que poderiam ser distintos: o acadêmico e o cotidiano.

O que conecta mulheres comuns em suas atividades laborais, desejos, relações? Ler, escutar, vasculhar acervos e experiências para fundamentar projetos de pesquisa, valorizando metodologias, epistemologias e ontologias. Não deixar o essencial encoberto e contribuir à critica radical contra opressões e violências sobrepostas, machismos, colonialismos, racismos e agendas pouco adeptas às vidas vivíveis.

Se apreendi, aprendemos com uma mestra: Marta Zabaleta (Argentina/Chile), que esteve no PPGNEIM num encontro potente com Analice Costa (in memoriam) para desnudar as tensões/conflitos presentes no Novo Século. Infelizmente deixou-nos esse mês. O seu legado, entretanto, está assegurado com as “filhas de Simone de Beauvoir” na pluralidade de fontes/vozes, cuidado e responsabilidade de produzir e praticar.

Em Estudos feministas, área e disciplina, estar nas comemorações dos 40 anos do NEIM ensinou-nos sobre histórias feministas (das que vieram antes e das que integram o agora). Tudo junto e misturado, com valentia acadêmica, sigamos corajosas na colheita de saberes e na produção de esferas do bem viver. Sem jamais perder os encantamentos.


 
 
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