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15-04-2023        Jornal de Notícias

O presidente da República Federativa do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, visita Portugal de 22 a 25 de abril. O primeiro beneficiário da amizade e das boas relações políticas, económicas e culturais entre Portugal e o Brasil - o quinto maior e mais populoso país do Mundo - é exatamente o nosso país.

Temos a sorte de Lula da Silva gostar de Portugal e dos portugueses, de respeitar e valorizar no Brasil os mais altos responsáveis do nosso país, de incluir Portugal no conjunto de visitas prioritárias que está a fazer.

O Brasil é um dos grandes atores no processo de construção de novas relações de forças e de agendas políticas transformadoras, indispensáveis para se ultrapassarem tensões e bloqueios vindos de lutas imperialistas, de guerras, ou de catástrofes ambientais. E tem hoje na sua presidência um homem inequivocamente democrata, com grande capacidade para entender os problemas concretos dos seres humanos, em particular dos mais desfavorecidos. Seguramente, não é o facto de ter sido um destacado dirigente sindical que o limita na análise dos grandes problemas da sociedade.

O Papa Francisco disse recentemente, numa entrevista ao canal de televisão argentino C5N, acerca das manobras dos inimigos da democracia para afastarem Lula da Silva da política, que ele foi sujeito a um processo de "desqualificação" para o tornar "suspeito". Construíram "um sumário enorme onde não se encontra a prova do delito" e "assim condenaram o Lula".

Os protagonistas do chiqueiro político, que também em Portugal têm o seu espaço na Assembleia da República, prosseguirão na invocação desse sumário calunioso. Se conseguirem, produzirão salpicos de lixo que alguns meios de produção de "notícias" aproveitarão para ampliar. Mas, o fundamental a ter em conta é que os mais altos magistrados portugueses andaram bem (no geral) ao decidirem esta visita. Espera-se agora que a tenham sabido preparar, em todos os campos, por forma a dela saírem resultados positivos para os portugueses.

É uma visão estreita e preconceituosa qualquer raciocínio que coloca a nossa condição de membro da União Europeia (UE), com os compromissos fundamentais daí decorrentes, como fator limitador da ampliação das relações de amizade e comerciais com o Brasil. As mudanças em curso à escala global desafiam os países a explorarem as suas capacidades de relacionamento, a construírem novas agendas. Como pode a UE ser um polo com influência à escala global - objetivo enunciado, designadamente pela França e pela Alemanha - se cada um dos seus membros não der o seu contributo?

Ver a evolução da organização e da agenda dos BRIC (grupo de países composto por: China, Índia, Rússia, Brasil e África do Sul), o incremento da atividade de um novo banco de dimensão mundial, ou a possibilidade de se efetuarem trocas comerciais sem utilização do dólar como fatores de ataque ao Ocidente, é não assumir o Mundo em que estamos. Organizações insuspeitas, como a Goldman Sachs, há muito consideram que estes países podem ser, já em 2050, as economias dominantes no Mundo. Portugal vai deitar borda fora, por exemplo, relações seculares interessantes com a China?

São precisos novos horizontes. Como referem analistas dos grandes bloqueios da Humanidade, estamos perante um drama quando nos parece mais próxima uma catástrofe belicista ou ambiental que nos destrua a todos que o fim do capitalismo selvagem em que vivemos, incluindo nos BRIC.

Viva a visita de Lula da Silva.


 
 
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Manuel Carvalho da Silva



 
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Brasil    Portugal    lula da silva    25 de Abril