Desde a tenra infância não tem criança que não se encante com balões, aviões, foguetes e histórias sobre o céu. Das tradições mais populares às mitologias. Das cosmogonias aos mistérios lunares/solares. De buracos negros, viagens espaciais e descoberta de outras galáxias há um imenso fascínio sobre o Universo (sempre em expansão).
De contações de histórias - em ambiente familiares-domésticos às escolas -, cantigas de rodas, cordéis e livros (entre a ficção e a realidade) a Vida nos convida a criar saberes. As ciências, já dizia Rubem Alves, provocam o pensamento e estimulam a curiosidade, pois, entre “gaiolas e asas”, as segundas são poderes conferidos pela educação sem muros. Por escolas que rompem com o cânones da massificação empresarial e buscam, não o ensino métrico e impessoal, mas encorajar o conhecimento.
Quando Nagin Cox - engenheira da NASA e responsável por Curiosity Rover (Missão Marte) - esteve na Bahia (2014), auditórios de universidades/escolas estavam cheios de olhos curiosos e atentos. Ela, que tem o asteróide 14061 batizado com o seu sobrenome, afirmava que a imaginação leva-nos longe. Abria suas conferências afirmando a importância dos investimentos em educação científica para o desenvolvimento das potencialidades de crianças e jovens.
Roberta Duarte Pereira, atualmente doutoranda no Instituto de Atronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP), é a comprovação de que o financiamento no sistema educacional público funciona e leva para formação mais avançada. Ela é a autora de um estudo pioneiro na área de simulação do comportamento de buracos-negros com uso de Inteligência Artificial publicado pela conceiturada revista Monthly Notices of Royal Astronomical Society.
Deste modo, todas as iniciativas para valorizar a educação científica, o reconhecimento histórico e teórico de tudo que produzimos, são e devem ser compartilhadas. E o caso, por exemplo, de Gabriel Martins, diretor de “Marte Um”, filme premiado no Festival de Sundance (2022), que nos conta a estimulante história de Deivid, filho de uma família negra da periferia de Contagem (Minas Gerais), em ser astrofísico. Delimitado no período pré-pandêmico e com cenário ultra-direitista na política nacional, as lentes de Martins revelam o poder da sétima arte no combate ao negacionismo, do poder e do encantamento pelo saber.
Promover saberes, afetos e conhecimentos abrem gaiolas. A juventude brasileira pode e deve voar. A imaginação é o estopim para criação de outro mundo possível, no qual a arte e a ciência sejam a régua e o compasso para o que essencial: Viver em paz, com segurança, direitos e em harmonia. (Artigo dedicado às crianças e jovens que não puderam seguir seus sonhos).