As migrações estão na ordem do dia à escala mundial e são uma constante das sociedades contemporâneas.
A sua persistência ao longo da história tem ditado diferentes categorias de migrantes e de mobilidades que, no entanto, partilham a realidade comum de serem fruto do sistema capitalista sediado no norte-global, berço da sociedade de consumo.
No tempo presente, as realidades e o conceito das migrações cruzam-se com a questão dos refugiados. São milhões os refugiados no mundo e mais de metade são crianças. Este cenário humano de deslocações forçadas põe a nu, de forma paradigmática e dramática, os limites e as contradições do sistema económico-social mundial, um sistema em que a indústria da guerra e do armamento, bem como a indústria securitária, servem para alimentar o poder financeiro-político que toma as pessoas como mercadorias com valor desigual.
Neste sentido, as migrações (voluntárias e forçadas) são um sintoma, por excelência, de crise económica e financeira, mas também das crises política, social, cultural, resultantes do modo de funcionamento do capitalismo tardio. Os migrantes, neste contexto, são o bode expiatório de uma estrutura global assente numa contradição fundamental entre princípios e práticas concretas.
Em nome do medo "dos invasores", alguns estados violam a Lei; os movimentos nacionalistas e xenófobos crescem e ganham relevância política; e a cultura dos Direitos Humanos esquece a humanidade dos que “não sendo de cá, são de parte nenhuma”, confundindo pertença a um estado com a pertença ao mundo.
Na sua vocação interdisciplinar e de pluralismo metodológico, o Centro de Estudos Sociais (CES) tem-se dedicado ao estudo das migrações de forma abrangente, interessando-se simultaneamente pela emigração e a imigração, e analisando tanto os fluxos, os sistemas e as políticas migratórias, como as representações, os discursos e as experiências concretas de e/imigrantes.
Desde os seus primórdios, o CES investigou a emigração portuguesa através da análise de poesia da diáspora, das práticas sociolinguísticas e de literacia de emigrantes; nos anos 1990, a Professora Maria Ioannis Baganha criou o Núcleo de Estudos das Migrações, desenvolvendo obra de referência nos estudos socioeconómicos das migrações de e para Portugal.
Desde 2010, é o Núcleo das Migrações, Humanidades e Estudos para a Paz que conduz a grande maioria das pesquisas sobre migrações do CES, havendo ainda estudos de outros núcleos que se interessam por questões jurídicas, religiosas, laborais, ou de racismo e da participação política dos imigrantes. Esta diversidade temática e disciplinar é acompanhada de uma certa intensidade dos estudos migratórios no CES, através da participação do/as investigador/as em redes internacionais de pesquisa, formação avançada, e na investigação-ação com alcance cívico.