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17-01-2016        Jornal de Notícias

Só faltam 6 dias de campanha eleitoral, que se querem de discussão política pura e dura. Estas eleições presidenciais precisam de uma segunda volta. A possibilidade é hoje real, desde que se discutam com verdade e acutilância os problemas e desafios com que se debatem o portugueses e o país. A eleição do Presidente da República (PR) – o mais alto magistrado da Nação – deve ser encarada como um ato de grande responsabilidade, que exige informação e análise política, seriedade e lucidez nas escolhas.

A tarefa que nos é colocada é mesmo a de escolher alguém que nos próximos 5 anos irá fazer política no patamar mais elevado. Precisamos de eleger alguém honesto e rigoroso na interpretação da Constituição da República. Alguém que assuma os valores que estruturam a Nação Portuguesa, que ancoram os objetivos de vida digna e os interesses coletivos no presente e no futuro. A experiência mostra-nos que o PR tem um papel muito significativo na política interna e externa do país e que da sua ação resultam impactos no quotidiano das condições de vida de cada português.

Cavaco Silva foi desastroso no exercício das suas funções, em particular no último mandato, exatamente o período em que o povo mais precisava de uma voz e de uma ação fortes que desmontassem as injustiças, as calúnias, os roubos e a pobreza a que foi sujeito. O triunvirato governo PSD/CDS-Cavaco-troika constituiu como que entidade única que transformou o interesse nacional no interesse dos nossos credores (e até agiotas); que obrigou ao empobrecimento porque “vivíamos acima das nossas possibilidades”, quando o setor financeiro havia feito escapulir, para os bolsos de alguns privilegiados, mais de 40 mil milhões de euros da poupança dos portugueses em menos de dez anos; que preparou um retrocesso no nosso modelo de desenvolvimento através do enfraquecimento das políticas de saúde, do ensino, da segurança e proteção social, da justiça, ou da “exportação” de centenas de milhares de jovens, cuja saída se virá a confirmar como grave amputação dos recursos do país.

Porque Cavaco Silva se portou mal é hoje generalizada a sua reprovação pelos portugueses e portuguesas, mas é também razão para o candidato apresentado à sociedade portuguesa como seu sucessor por grandes meios de propaganda – Marcelo Rebelo de Sousa – não querer, de forma alguma, ser identificado com ele e com as políticas e compromissos a que esteve ligado. Num cenário destes não restava aos partidos da Direita e às forças mais retrógradas, outra solução para além da descaraterização da função de PR, criando a ideia de que um qualquer pantomineiro simpático pode ser PR deste país.

Mas, alerta: Marcelo foi toda a vida um político de Direita – umas vezes catalogado à direita da Direita, outras à esquerda da Direita, conforme as conveniências dos tempos –, amiúde acusado (até por correligionários seus) de ser pouco fiável e de ter atração fatal pela conspiração política. Durante os últimos 5 anos os seus comentários políticos, depois de filtrados, mostram-nos uma contínua defesa das políticas do triunvirato que mencionei. Nem sempre o fez abertamente, porque é mestre a lançar uns pingos de verdade no lastro das maiores trapaças.

Por certo, nestes 6 dias de política os candidatos à esquerda vão fazer tudo para mobilizar os portugueses através de propostas honestas e, simultaneamente, obrigarem Marcelo a sair do campo das trivialidades e a despir os seus disfarces.

A sociedade portuguesa precisa de profundas transformações sociais e políticas: ora, só pode construir pontes entre todas as forças e setores da sociedade para conseguir esse objetivo, quem estiver livre de identidades e de dependências com os velhos poderes que nos subjugaram durante muitos anos, quem abertamente assumir a interpretação e a afirmação das causas, valores e compromissos dos cidadãos mais desprotegidos e dos setores da sociedade mais frágeis.

António Sampaio da Nóvoa, pelas causas, valores e compromissos que assume, tem todas as condições para ser o maior congregador dos votos de amplos setores democráticos, para passar à segunda volta e ser eleito Presidente da República.


 
 
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Manuel Carvalho da Silva



 
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