O ano de 2021 já começou, o que nem de longe significa que os fatos que marcaram 2020 estão isolados em calendários obsoletos. A eleição presidencial nos Estados Unidos, por exemplo, é ainda tema relevante e presente na agenda política internacional, dada a expectativa de tensão na troca de governo entre Donald Trump e Joe Biden, prevista para o fim de janeiro. Há também o debate acalorado acerca do problema das fake news, que cresceu ainda mais com a pandemia de COVID-19, e as renovadas e necessárias abordagens sobre o alcance e os limites da tecnologia. Tudo isso desemboca, entre outras coisas, na discussão sobre a transformação da Comunicação ao longo do tempo e nas iniciativas que emergem como opções de negociação para a resolução de conflitos reais e/ou potenciais ⎼ como a Comunicação para a Transformação Social e o Jornalismo para a Paz ⎼, especialmente diante da tarefa de desconstruir discursos de ódio e a cultura de violência.
Deputado pela terceira Legislatura e atualmente um dos vice-presidentes da Assembleia da República, José Manuel Pureza é professor catedrático da área de Relações Internacionais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). Ele também já atuou em instituições estrangeiras como a Universidad Torcuato di Tella (em Buenos Aires, Argentina), a Universidad Pablo de Olavide (em Sevilha, Espanha), a Universidad del País Vasco e as Pontifícias Universidades Católicas de São Paulo e do Rio de Janeiro (Brasil). Profícuo investigador no campo acadêmico, suas prioridades de pesquisa incluem os Estudos para a Paz – designadamente as construções teóricas da paz e os estudos críticos sobre segurança – os direitos humanos e o direito internacional.
Sofia José Santos, por sua vez, é professora auxiliar de Relações Internacionais na FEUC e investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. Como investigadora principal do projeto DeCodeM, ela desenvolve, desde 2008, pesquisas sobre media e intervencionismo global, representações mediáticas e processos de securitização, media e política externa, media e masculinidades, e internet e tecnopolítica. A docente é a atual coordenadora da iniciativa, mas também capitaneia, no CES, a área programática de Media e Masculinidades no Promundo-Portugal e é co-editora do Alice News. Em sua trajetória, Sofia já pertenceu à equipe de pesquisa do Flemish Peace Institute, na linha de “Paz e Sociedade”, e foi Marie Curie fellow no departamento de Antropologia da Universiteit Utrecht. Desde 2016, integra o Centro de Investigação OBSERVARE, da Universidade Autónoma de Lisboa, como Investigadora Associada. E foi para concatenar tais assuntos com a ideia de um Jornalismo para Paz, que o sinalAberto os convidou para a conversa que você, leitor(a) confere a seguir.