“Ninguém nasce racista, torna-se racista.” É esta a máxima da Fundação Lilian Thuram – Educação Contra o Racismo, criada pelo francês, ex-campeão do mundo e da Europa, há mais de uma década. Depois de passar por equipas como a Juventus ou o Barcelona, o empenho do ex-futebolista na luta contra o racismo granjeou-lhe o título de doutor honoris causa pela Universidade de Estocolmo (Suécia) e pela Universidade de Stirling (Escócia). Já enquanto atleta profissional, Lilian Thuram era uma voz ativa. Insurgiu-se contra Jean-Marie Le Pen quando o então líder do partido de extrema-direita Frente Nacional criticou a seleção francesa por ter demasiados “jogadores de cor”.
Nascido há 47 anos na ilha de Guadalupe, território francês no arquipélago das Antilhas, Lilian Thuram mudou-se para Paris antes de celebrar 10 anos. Cresceu num dos bairros mais portugueses da capital francesa, Fontainebleau. Fazem parte das suas memórias de infância os automóveis dos pais dos seus amigos, “carregados até ao tejadilho antes da partida para as férias de verão em Portugal”. Agora, é Lilian Thuram quem vem visitar o nosso país. Dará uma conferência na Universidade de Coimbra,
na terça-feira, 26, e outra na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no dia seguinte. O ex-jogador também irá encontrar- se com estudantes.
A iniciativa é promovida pelo projeto MEMOIRS, que investiga as heranças coloniais na Europa, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e conta com o apoio das fundações Lilian Thuram e Calouste Gulbenkian, além da Embaixada de França. Do racismo à extrema-direita, era inevitável abordar o futebol que, entende o ativista, é um reflexo da sociedade.