Entre 1987 e 2011, o Estado central gastou 7 mil milhões de euros em bonificações de juros no crédito à habitação (um apoio estatal que reduz o custo do empréstimo e o torna mais barato e acessível), o que equivale a 73,3% de toda a despesa em políticas públicas de habitação durante esses 25 anos.
O resultado está à vista: a percentagem de famílias a viver em casa própria subiu de 57%, em 1981, para 75%, em 2011; em 2015, apenas 2% dos 6 milhões de casas em Portugal eram públicos.
Para Ana Cordeiro Santos, economista e investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o Estado português demitiu-se totalmente da “garantia de uma oferta pública de habitação”. E agora que o atual governo lançou a Nova Geração de Políticas de Habitação, com o objetivo de resolver a crise, a coordenadora do livro “A nova questão da habitação em Portugal” diz que é mais do mesmo.