No verão de 1962, Perry Anderson defendeu nas páginas da New Left Review que a “ideologia colonial portuguesa é, mais do que qualquer outra, um exercício de pura magia. A partir das fichas de treino de ação psicológica do instrutor para oficiais do Governo do Distrito da Lunda (c.1960-69), Angola, para questionar se a capacidade que o Estado Novo tinha de mobilizar a população branca portuguesa para os sacrifícios necessários para a manutenção do império dependia realmente da repetição encantatória de mitos coloniais, ou, pelo contrário, de um aproveitamento estratégico da infraestrutura emocional do Estado português. Termino considerando as implicações da segunda hipótese se verificar. Será que desconstruir mitos basta para descolonizar Portugal?