A retoma do papel regulador do Estado no decurso da pandemia constituiu uma quebra assinalável na prática política das últimas quatro décadas em Portugal. Agindo por razões sanitárias, o governo não apenas impôs regras de confinamento que paralisaram largos setores da economia como condicionou a política de apoio à obrigação de as empresas ajudadas renunciarem a despedimentos. Importa discutir em que medida a regulação estatal foi capaz também de identificar e de proteger as formas de ação coletiva que emergiram por toda a parte num esforço sem paralelo para contrariar os efeitos desastrosos da pandemia para a economia.