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15-10-2014        

A gerebita, ou cachaça brasileira, produzida em larga escala por escravos africanos e seus descendentes, muitos dos quais com origem no atual território angolano, foi uma das mais importantes mercadorias importadas pela colónia de Angola para se adquirir mão-de-obra escrava destinada ao Brasil. Volumes consideráveis desta bebida alcoólica eram encaminhados para o Reino de Kasanje, o mais importante abastecedor de escravos da colónia de Angola entre os meados do século XVII o princípio do século XIX. Todavia, a troca da gerebita por escravos não deixou de criar muitos problemas na feira de Kasanje. Entre o final do século XVIII e o princípio do século XIX, os governadores de Angola pintam uma imagem dos Jagas, ou reis de Kasanje, como constantemente alcoolizados pela gerebita. Supostos alcoólicos, os Jagas são assim vistos como incapazes de gerir o comércio de escravos com eficiência, o que leva os governadores de Angola a procurarem abastecedores africanos de escravos mais morigerados. O Reino de Kasanje vê assim o seu papel na economia atlântica da África central ocidental bastante reduzido, do que resulta a lenta queda do estado durante os meados do século XIX.

Partindo do contexto descrito, o seminário explorou uma das muitas vertentes do impacto das bebidas alcoólicas em Angola através do tráfico atlântico de escravos. Em particular, centrou-se nas imagens dos abastecedores africanos de escravos que os montantes volumosos de álcool importado em circulação criaram nas mentes dos compradores de fora e na forma como estas imagens influenciaram as relações entre as duas comunidades. 




 
 
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Evento > Seminário > O tráfico de escravos e o comércio do álcool: a gerebita nas relações entre Angola-colónia e o Reino de Kasanje
Doutoramento > Pós-Colonialismos e Cidadania Global
 
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Atlântico    escravatura    Angola