O Convento da Trindade, no centro histórico de Lisboa, foi um dos raros conventos que foram integralmente demolidos, na sequência da aplicação da Lei de Extinção. Trata-se de um processo bastante peculiar uma vez que a demolição foi decisão súbita e inesperada que interrompeu o processo da readaptação que havia sido decidida e tinha projeto arquitetónico detalhado.
Não sendo ainda possível elucidar definitivamente este caso, abordarei as transformações que ocorreram no sítio do velhíssimo convento. O que pretendo não é apenas descrever a urbanização ocorrida – centrada na abertura da Rua Nova da Trindade – mas sobretudo auscultar sobrevivências físicas e simbólicas do desaparecido convento e refletir sobre a sua imaginabilidade, no pressuposto de que, na cidade, a morte é uma subtil alquimia de transposições.
(Comunicação da quarta sessão do Coloquio Internacional "Cidade e arquitetura conventual")