Nos últimos anos, a polícia alemã tem sido alvo de acusações crescentes de racismo tanto no plano doméstico (ex. o caso National Socialist Underground (NSU), a intervenção policial em Colónia na véspera do Ano Novo 2017), como por instâncias internacionais, principalmente nos relatórios do Committee on the Elimination of Racial Discrimination (CERD), da European Commission Against Racism and Intolerance (EMCRI) ou Amnesty International.
Um dos pontos principais das críticas constitui a prática de racial profiling ao abrigo da lei policial alemã (BPoIG ) § 22.1a and §23.1.3. Por isso, a recente decisão do Ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, de cancelar um estudo científico e independente sobre racial profiling, contrariando assim uma recomendacão da EMCRI, espoletou duras críticas por parte de políticos, jornalistas e até mesmo da própria polícia.
A entrevista a Clara Ervedosa gira em torno do primeiro estudo científico sobre um dos aspetos desse tema, nomeadamente sobre o uso das categorias de "Südländer" (meridional) e "südländisches Aussehen"(aspeto meridional) em relatórios policiais.
O estudo conclui não só que o uso dos termos é um exemplo da prática de racial profiling mas também que a polícia alemã precisa de rever a sua terminologia e desenvolver maior sensibilidade na forma como se expressa e atua numa sociedade cada vez mais diversa.