A partir das entrevistas realizadas em Portugal ao longo de uma investigação de três anos, compõe-se um retrato das histórias de vida marcadas por uma lesão vértebro- medular. Além de se exporem as gravíssimas carências nas respostas fracamente erigidas desde o acidente ao regresso à comunidade, promove-se uma discussão em que, de modo mais lato, avultam as condições estruturais de opressão social vividas pelas pessoas com deficiência em Portugal. Como forma de chegar a um público mais vasto, o filme documental pretende ser um contributo na denúncia de uma conceção fatalista de deficiência, culturalmente dominante, que enfatiza as incapacidades funcionais, naturalizando a exclusão e o silenciamento. A crise da normalidade, assim entendida, é um chamamento a uma transformação sociopolítica que, levando a sério as vozes e os direitos das pessoas com deficiência, ponha fim à trivialização do sofrimento.
O filme documental “Deficiência e Emancipação Social: Para uma crise da normalidade” foi produzido no âmbito do Projeto de Investigação “Da lesão vértebro-medular à inclusão social: a deficiência enquanto desafio pessoal e sociopolítico”. Realizado por Bruno Sena Martins, Fernando Fontes, Pedro Hespanha e Aleksandra Berg.