Sem visar a exaustividade, esta comunicação tem por objecto situar as « histórias de vida » (escrita autobiográfica, documentos pessoais) no campo das ciências sociais e humanidades através de algumas referências históricas e orientações disciplinares.
Nascido na época do Iluminismo em estreita relação com a noção de historicidade, o interesse « científico » pelas histórias de vida desenvolveu-se em particular na obra de Wilhelm Dilthey que faz da inteligibilidade biográfica o modelo de compreensão das ciências do espírito (1883). Este fundamento epistemológico e metodológico está na origem dos primeiros desenvolvimentos da sociologia alemã (Weber, Simmel), antes de inspirar os trabalhos da sociologia qualitativa norte-americana (Escola de Chicago nos anos 1920), e mais tarde, europeia (abordagem biográfica e método dos relatos de vida, a partir dos anos 1970). No mesmo período, o recurso às histórias de vida no campo da formação surge como uma forma do Sujeito aceder à sua própria historicidade e de se apropriar do seu poder de formação.
Por fim, apresentaremos a corrente actual da «pesquisa biográfica » que toma como objecto científico a análise dos processos de constituição mútua entre indivíduos e espaço social.