Paulina Chiziane
Escritora moçambicana nascida em 1955, na província de Gaza, em Moçambique. Iniciou estudos de Linguística na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, que nunca chegou a concluir. Participou activamente na arena política do seu país como membro da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), na qual militou durante a juventude, mas que viria a abandonar, descontente com o rumo político do partido no período pós-independência, entre outros no que diz respeito à condição da mulher e a opções económicas.
Contadora de histórias, arte que aprendeu com a sua avó, iniciou a sua actividade literária em 1984, com contos publicados na imprensa moçambicana. São histórias que falam das vivências de tempos difíceis, da esperança, do amor, da mulher e de uma África passada e presente, que a autora soube transferir da oralidade para o papel. Tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance quando lançou o seu primeiro livro, intitulado A Balada de Amor ao Vento, em 1990. “Ventos do Apocalipse” (1993) e o “O Sétimo Juramento” (2000) são outros romances da autora, cuja notoriedade aumentou, dentro e fora do seu país, com o romance “Niketche. Uma História de Poligamia” (2002), pelo qual recebeu o Prémio José Craveirinha (2003), e “O Alegre Canto da Perdiz” (2008), em que aborda o tema do racismo num Moçambique colonial e pós-colonial. Esta entrevista foi levada a cabo por Catarina Martins e Isabel Caldeira, ambas investigadoras do Centro de Estudos Sociais.