Qual é a relação entre materialidade e pós-memória? Ou, posto de outra forma: fará sentido distinguir o espírito e o corpo, o material e o imaterial, nos atos de memória de segunda geração? O “Em Memória da Memória” foi em busca de respostas para estas indagações.
Conversámos com Graça dos Santos, Margarida Calafate Ribeiro, Nú Barreto, Paulo Faria e Paulo de Medeiros. E confirmámos que para muitas das pessoas que se assumem herdeiras de um passado do qual não são titulares em primeira mão, as fotografias, os mapas e as cartas são tão importantes quanto as palavras, as narrativas e os silêncios produzidos na geração anterior. Isso não equivale a dizer que os objetos não são importantes. São, na verdade, absolutamente centrais para o reelaborar e renovar do testemunho, um testemunho que se torna possível, precisamente, se mediado e construído, muitas vezes, a partir dos objetos do domínio privado e da linguagem íntima, mas também do poder simbólico do corpo.
A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.
Algumas sugestões de leitura:
Ribeiro, Margarida Calafate (2021), “Memórias, pós-memórias e objetos”, in António Sousa Ribeiro (org.), A cena da pós-memória. O presente do passado na Europa pós-colonial. Porto: Afrontamento, 203-230.
Vecchi, Roberto (2020), “A ausência: o material da memória”, Memoirs newsletter, 91.
Santos, Graça dos (2019), “Glotofobia: da discriminação linguística ao racismo pelo sotaque”, Memoirs newsletter, 60.