O ensino de história no âmbito da formação profissional em arquitetura, tendo afastado os debates do pós-modernismo e da « virada linguística », assentou-se sem alarde num espelho do ofício do docente investigador. As unidades de história da arquitetura são hoje vistas tanto como propedêutica à formação de futuros investigadores quanto num espírito de formação crítica não disciplinar. Tal perspetiva implicou o abandono, mas não a superação, do debate sobre a pertinência da história enquanto parte do campo disciplinar da arquitetura. Neste ensejo, esta conferência se propõe a explicitar os termos nos quais se poderá debater a especificidade da história na formação de profissionais do projeto arquitetónico.
Para tanto, abordamos a delimitação do objeto de estudo da história da arquitetura: ora este objeto é a evolução das relações de produção e das ideologias, resultando num viés antidisciplinar e na compartimentação de períodos históricos; ora o objeto será o palimpsesto do ambiente construído acumulado ao longo do tempo, universo disciplinar por excelência da arqueologia e dos estudos morfológicos, amiúde cedidos às unidades didáticas de projeto.
Por fim, exploramos três modos de apropriação do ambiente construído e suas implicações para a formação profissional: a arquitetura comparada, que moldou o formato canónico do livro-texto de história da arquitetura durante quase todo o século XX; a arquitetura analítica, hoje quase esquecida no âmbito da história mas ainda popular nos livros-texto de sistemas construtivos; e a arquitetura histórica, comprometida com a crítica das culturas e ideologias autoconscientes do seu próprio devir histórico.