A legitimação do agronegócio predatório, da mineração ilegal e do racismo anti-indígena no Brasil encontra raízes na história da escravidão e da ditadura militar, bem como no discurso desenvolvimentista e no mito da democracia racial que persistem no país. Considerando esse contexto, discutiremos o curta-metragem Colheita Maldita, realizado pelo artista indígena amazonense Denilson Baniwa como comissionamento do projeto Culturas do Antirracismo na América Latina, da Universidade de Manchester, de cuja gravação a pesquisadora e curadora indígena mato-grossense Naine Terena e eu participamos. A obra faz referência paródica ao filme de Fritz Kiersch lançado em 1984, conhecido em Portugal como Os Filhos da Terra. Conforme veremos na apresentação, essa experiência de criação e resistência estética lança um alerta diante do agrocídio cometido pelo crescimento desenfreado do modelo de produção de monocultura.