Se a imagem de investigadores/as das ciências sociais e das humanidades a entrarem num laboratório pode criar-nos alguma surpresa, como se se tratasse de uma transgressão de fronteiras, sem sequer chegarmos a indagar sobre o que irão fazer num laboratório, o diálogo que os três encetam fora do laboratório, por exemplo num auditório, sendo encarado com maior naturalidade, não deixa de ser também um diálogo interdisciplinar. Podemos assim falar de distâncias e de contextos que influenciam os cruzamentos disciplinares. Nesta comunicação irei discutir de que modo as práticas de inter/transdisciplinaridade na organização institucional da ciência, nomeadamente ao nível das políticas de ciência, incorporam visões por vezes contraditórias que confrontam discursos de promoção da interdisciplinaridade com a performatividade dos seus instrumentos, frequentemente reconstruindo fronteiras e reforçando a sensação de surpresa. Reflete-se ainda sobre como estas práticas e instrumentos alteram a experiência de distância em diferentes contextos.