A redução drástica da interação social gerada pela atual pandemia reforçou o papel crucial da comunicação social na interpretação e produção de realidades, palco de disputa de narrativas de teor sanitário, punitivo, securitário, entre outras. Esta conversa pretende discutir algumas dessas narrativas e seus impactos, colocando a enfase em dois aspetos particularmente relevantes: por um lado, a produção de alteridades “perigosas”, através de representações de determinado grupos como origem e disseminadores do vírus; por outro lado, o recurso frequente a expressões que remetem para uma analogia entre a pandemia e a guerra, através do qual se substitui, muitas vezes, o “inimigo invisível” por inimigos “visíveis”, assim designados pelo seu potencial de contaminação.