Centro de Estudos Sociais
sala de imprensa do CES
RSS Canal CES
twitter CES
facebook CES
youtube CES
26-06-2019        

Portugal recebe grande número de imigrantes das ex-colônias africanas, na década de 1980. Nesse período, o país é confrontado com constante violência e campanha racista aplicada pelos militantes da extrema-direita. Paralelo a isso, era veiculado na mídia constantemente o assunto da criminalidade ligada a "gangs de jovens africanos", que contribui para o estigma de jovens negros. Os casos de maior violência foram as mortes de José da Conceição de Carvalho, em 1989 e Alcindo Monteiro, em 1995, ambos militantes de movimentos antirracistas. Dessa forma, o rap surge como forma de combater o racismo no país. Um dos pioneiros desse ritmo em Portugal é General D, que falava abertamente de racismo, de política e da exigência por direitos.

Em termos de legislação, vigorou em Portugal, entre 1981 e 2018, uma lei que restringia a nacionalidade portuguesa aos filhos de imigrantes nos quais os seus pais estivessem cinco anos regularizados em Portugal. Em relação ao discurso mediático, os filhos de imigrantes sempre eram taxados de africanos de segunda ou terceira geração, mesmo se possuíssem nacionalidade portuguesa. Como resposta a essa recusa identitária, os rappers cantavam muitas vezes em crioulo - cabo-verdiano, guineense ou um hibridismo construído nas ruas de Lisboa -. Utilizar o crioulo é uma forma de recusar se comunicar na língua do colonizador, que até hoje não lhe oferece a cidadania plena, já que muitos rappers nasceram em Portugal, mas não consideradas portugueses.

O rapper Chullage, que surge no final da década de 1990, no cenário do hip hop português, também tem um discurso contundente contra o racismo em Portugal. Um dos seus singles mais populares chama-se "Portugal aos Portugueses", na qual ele reverte a lógica xenófoba do lema original. Portugal aos Portugueses é o lema do PNR, partido de extrema-direita, que busca expulsar os imigrantes de Portugal. Chullage  retrata que o mundo deveria ser apenas um, não havendo fronteiras ou barreiras. Também será mencionado o caso do grupo Kartel 31, de Vila Nova de Famalicão (norte de Portugal), que foi criado com o objetivo de integrar ciganos em um grupo de rap, sendo uma proposta pioneira no país. Os ciganos vivem em Portugal há mais de cinco séculos, mas ainda são considerados estrangeiros.

 



 
ligações
Evento > Colóquio | 3.ª SESSÃO > Periferias e suas Transformações Recentes
 
temas
crioulo    xenofobia    rap    racismo    Portugal