Numa aula dedicada a Lula da Silva, Boaventura de Sousa Santos regressa ao seu filósofo favorito, Espinosa, para falar da relação entre o medo e a esperança antes de entrar no tema central: estamos num momento de retrocesso ou avanço da globalização? Na resposta a esta questão, começa por recuperar as teorias e os conceitos desenvolvidos pelo CES nos anos 1980 e 1990 sobre a globalização hegemónica e a globalização contra-hegemónica e apela a uma leitura do presente que abrace a complexidade e analise sintomas e causas indo além das fachadas. Questionando se o guião neoliberal global estará efetivamente a ser posto em causa, Boaventura desenvolve os seus argumentos, fundamentando-os a partir de uma leitura muito concreta da realidade, recorrendo a múltiplos exemplos para mostrar a complexidade das relações de forças internacionais contemporâneas e como se articulam os três grandes modos de dominação das sociedades. Reconhecendo o seu otimismo trágico, Boaventura conclui com o apelo à organização das lutas ao níveis local, nacional e internacional, à união das esquerdas e à articulação dos movimentos contra o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado.