O seminário “Fazendas Paulistas: arquitectura do ciclo cafeeiro, 1800-1940”, proferido pelo Professor Vladimir Benincasa no modelo aula aberta / colóquio, integra um conjunto de convites, a diversos oradores, para participarem no programa teórico de formação da Disciplina de Projeto V, da turma que trabalha o tema Território e Paisagem, do último ano do curso de Mestrado Integrado em Arquitetura no DArq-FCTUC.
O tema Território e Paisagem suporta o desenvolvimento de práticas disciplinares particulares, que envolvem uma especial compreensão dos contextos e, sobretudo, o estudo dos modos como as geografias desses lugares se podem revelar determinantes para a construção de novas arquiteturas nessas paisagens.
Em paralelo, investiga e explora processos históricos de atuação, em ambientes de enorme sensibilidade geofísica, onde uma particular sensibilidade dos agentes transformadores foi condição indissociável para hoje se poderem observar os resultados edificados, muito qualificados, que aí são encontrados. Em geografias de grande complexidade topológica, que envolve processos íntimos de simbiose entre os espaços construídos e os suportes naturais onde são edificados, só um tipo de abordagem muito apurada permite assegurar a permanência das características primordiais, que conferem à organização dos espaços a possibilidade de enaltecer, preservando, os ambientes prévios. O apagamento ou enaltecimento das paisagens, impulsionados pelos processos edificatórios, independentemente da pertinência e razões para cada transformação, deve hoje ser visto como um tópico a predefinir, no âmbito do planeamento e do projeto em arquitetura.
O professor Vladimir Benincasa tem investigado profundamente, ao longo das últimas décadas, os processos de construção da paisagem cafeeira da região Paulista, no Brasil. Tal como ele tem vindo a documentar extensamente, podem encontrar-se aí testemunhos relevantes dos modos como a geografia, o clima, as propriedades do solo e os sistemas económicos, ligados à produção agrícola do café, estabeleceram arquiteturas de grande complexidade e interesse, conceptual, patrimonial e arqueológico. A arquitetura das fazendas cafeeiras acompanhou a evolução dos modos de produção e o seu crescimento, ao longo de um processo histórico que praticamente se extinguiu, e essas paisagens estão hoje ameaçadas, tal como as complexas infraestruturas produtivas, ou as próprias casas das fazendas, pelas transformações que estes territórios e a sociedade brasileira estão a experimentar. Há pois, nesta comunicação, um interesse que é duplamente valioso, quer devido à condição patrimonial exposta, quer devido ao teor das lições conceptuais que transportam os casos estudados, que são aqui, agora, apresentados.