O tempo para esta aula é sobretudo o intervalo compreendido entre 2011 e 2013 através das revoltas e mobilizações ocorridas nesse período. O espaço de análise é alargado,a escala global, numa escala apresentada como planetária, intercontinental, para observação a partir de análise crítica, tal como se exige às ciências sociais no momento presente. Esta aula magistral de Boaventura de Sousa Santos constituiu uma oportunidade única de explicitação da ideia da atual emergência de uma guerra civil global de baixa intensidade em múltiplos espaços e suas consequências. De facto, aqui foi possível uma enunciação conceptual, que ilustrada por elementos empíricos de ordem vária, permite uma sustentação mais elaborada desta tese. Os conflitos aqui apresentados normalmente não implicam estados de exceção e concomitante suspensão de constituições nacionais, a mudança de regime ou uma repressão para lá do admissível nas convenções internacionais. Novamente, este é o terreno das Epistemologias do Sul, porque estas estão em posição privilegiada para o ultrapassar dos dualismos do conhecimento dominante e, mais importante ainda, para exibirem a ascendência do Sul em tantos locais, incluindo espaços do Norte Global. Boaventura sintetiza nesta aula muitas das dificuldades a que estão sujeitas as revoltas da indignação na partilha da sua mensagem e na luta por gramáticas emancipatórias. Estas indignações são ilustradas, de forma diversa, pela ação de movimentos como os que fundaram a Primavera Árabe, pelos Occupy, pelos Indignados, pelos Yo Soy 132 ou ainda nas revoltas geradas no Brasil e que se prolongaram até 2014. Esta aula consistiu na apresentação de invisibilidades, de sociologia de ausências, de reforço da importância de uma procura empenhada por alternativas, de democracia de intensidade aprofundada e respeito pelos direitos humanos. Foi, também, uma aula de debate comprometido da atualidade, sem mediação.