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01-06-2025        Rádio Universidade de Coimbra

Após a sessão de leituras na sala de São Pedro da BGUC do ciclo “Leituras em Diversidade”, Carlos Nolasco, investigador do CES falou à RUC sobre o papel do futebol na sociedade e sobre as múltiplas formas de exclusão que ainda estão presentes no fenómeno desportivo, desde questões de género até à persistência do racismo nos relvados.

“Ser ou não Ser, eis o Futebol” foi ponto de partida para leituras de textos na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC), na última terça-feira, sobre o desporto que desperta emoções e é também um espelho da sociedade. Milhões de pessoas emocionam-se com o jogo todas as semanas.

Segundo Carlos Nolasco, nas universidades e nos círculos académicos, o fenómeno continua subvalorizado.

Academia ainda ignora o futebol

Carlos Nolasco entende que o futebol ainda não é alvo de estudo sério na academia e que ainda é visto como algo “menor”, sendo atirado para cursos ligados à educação física ou ao rendimento desportivo.

Como foi destacado, nem sequer há uma cadeira de Sociologia do Desporto em muitas licenciaturas de ciências sociais. Isso mostra um desinteresse preocupante por um fenómeno que mobiliza multidões e influência comportamentos.

A exclusão das atletas trans

Uma das leituras ocorridas na BGUC abordou a felicidade e o desconcerto de uma atleta trans pelo que acontece na sua prática de atleta de futebol.  Na atualidade, países como o Reino Unido já proíbem a participação de mulheres trans em algumas modalidades. Este tipo de medida, além de discriminatória, reforça a ideia de que o desporto ainda não aprendeu a lidar com a diversidade de forma justa e inclusiva.

Racismo nos estádios

Apesar da insistência das federações nacionais e internacionais com o “fair play” no desporto, segundo o investigador do CES, a realidade é que os cânticos racistas e os comportamentos discriminatórios são constantes no futebol desde o amador ao profissional.

Educação antes da competição

Para Carlos Nolasco, punições mais duras são necessárias, mas não são suficientes. A mudança real começa na formação: de atletas, treinadores e também de pais e outros familiares.

Muitas vezes vemos comportamentos violentos e intolerantes nas bancadas de jogos dos mais novos. A lógica da competição sobrepõe-se à lógica da empatia e do “fair play” e urge mudar.

A BGUC já não é apenas um local de leitura e investigação é também um espaço de encontro e reflexão

Manuel Portela, diretor da BGUC, esclareceu que o ciclo “Leituras em Diversidade”, é uma iniciativa da Biblioteca Norte-Sul do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, que cruza livros, leitores e temas tendo como pressuposto a diversidade.

O grande objetivo é criar pontes entre investigadores, estudantes de doutoramento, membros da comunidade académica e público externo — através de sessões que são ao mesmo tempo encontros de leitura e reflexão crítica.

A escolha das obras, muitas delas pertencentes ao próprio acervo da biblioteca, reforça a ideia de que a BGUC é um lugar que dá, acolhe e devolve conhecimento.

A partir de 2023, o ciclo passou a contar com a colaboração da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, e  assim deu visibilidade e alcance ao ciclo, com duas a três sessões por ano integradas na programação da BGUC.




 
 
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Carlos Nolasco



 
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