Centro de Estudos Sociais
sala de imprensa do CES
RSS Canal CES
twitter CES
facebook CES
youtube CES
19-02-2025        

I explore how the interplay of popular sovereignty and emotion reshapes contemporary democratic politics. Outrage and wrath appear as central affects when the supposedly sovereign "people" question their own power and identity. Following Claude Lefort and Tocqueville, I argue that democracy inaugurates an ungraspable society, making the people's identity perpetually latent and subject to contestation. This void sparks populist claims to represent the people, yet reveals ongoing anxieties tied to belonging, spatial imaginaries, and temporal uncertainties. By highlighting ontological insecurity, I show how affective dimensions, including everyday practices and intimate spaces, can reinforce or challenge established political dynamics. Spatial scales—from territorial to private—intersect with temporal imaginaries to produce a multi-layered populist landscape. I also address normative concerns surrounding emotions in politics, weighing their constructive potential against the risks they pose to democratic processes. Ultimately, I call for critical reflection across civil society, protest movements, media and academia to navigate these tensions.


Exploro de que forma a interseção entre soberania popular e emoção redefine a política democrática contemporânea. A indignação e a ira emergem como afetos centrais quando o “povo”, supostamente soberano, questiona o seu próprio poder e identidade. Seguindo Claude Lefort e Tocqueville, argumento que a democracia inaugura uma sociedade inatingível, tornando a identidade do povo perpetuamente latente e sujeita a contestação. Este vazio desencadeia reivindicações populistas de representação do povo, mas expõe ansiedades contínuas associadas à pertença, aos imaginários espaciais e às incertezas temporais. Ao salientar a insegurança ontológica, mostro como dimensões afetivas, incluindo práticas quotidianas e espaços íntimos, podem reforçar ou desafiar dinâmicas políticas estabelecidas. As escalas espaciais — do território ao privado — interagem com imaginários temporais, produzindo um cenário populista em múltiplas camadas. Abordo ainda preocupações normativas relativas às emoções na política, ponderando o seu potencial construtivo face aos riscos que colocam aos processos democráticos. Em última análise, apelo a uma reflexão crítica no seio da sociedade civil, dos movimentos de protesto, dos meios de comunicação e da academia, para lidar com estas tensões.

 
 
pessoas
Sofia José Santos



 
ligações
Evento > Ciclo de Eventos UNPOP > O populismo e as emoções
Evento > International Colloquium > Emotions, Narratives and Identities in Politics, Populism and Democracy
Projeto > UNPOP
 
temas
soberania popular    populismo    afeto