O nosso mundo caracteriza-se cada vez mais pela recorrência de crises e desastres, desde os (mal) chamados “naturais”, como furacões e terremotos, desastres económicos e de guerra, e, como agora se tornou claro, também desastres patogénicos. Esta condição, embora tenha implicações globais (pensemos na crise climática que ameaça todo o mundo), também se manifesta de forma altamente desigual através de categorias de diferença já conhecidas (classe, género, raça, norte-sul). Nesta apresentação, proponho rever estas múltiplas camadas ou “faces” da injustiça ambiental e colocá-las no contexto do que várias pessoas chamam "colonialismo do desastre", com um olhar ao caso de Porto Rico, mas também à dimensão global deste fenómeno. Em segundo lugar, inspirado por discussões recentes sobre as perspetivas decoloniais na justiça ambiental, relaciono as lutas contra esta política do desastre - política da morte (bio / homicídio) - à construção de projetos de autogestão que, em vez de atenderem apenas à destruição ambiental e às desigualdades socioeconómicas, promovem a liberdade num sentido mais amplo - uma "comunitarização" da justiça.