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27-05-2019        Jornal de Notícias

Os resultados eleitorais não trouxeram grandes surpresas. Grande abstenção, mesmo considerando o efeito do recenseamento automático, que incluiu muitas centenas de milhares de emigrantes. A Direita saiu derrotada. O Partido Socialista ganha mas não pode iludir-se quanto a sonhos demasiado altos para as próximas eleições. As forças da Esquerda consolidam, no global, o seu apoio eleitoral apesar da queda da CDU. O Bloco de Esquerda reforça-se e parece recuperar capacidade de atração. Cresce a obrigação de a Esquerda dar respostas aos problemas dos portugueses. A eleição de um deputado do PAN é um elemento nada perturbador e a afirmação de um espaço de representação política que pode ter futuro.

No plano europeu registou-se mais afluência às urnas nos países onde havia eleições nacionais em simultâneo, ou onde o confronto político está mais vivo ou, ainda, onde é mais sentida a ofensiva da extrema-direita. As famílias políticas que têm dominado o cenário político e cozinhado o rumo da União Europeia (UE) perdem peso e a maioria. Vai ser preciso clarificar melhor o que é antieuropeísmo e o que são propostas alternativas para o rumo da Europa.

A abstenção é, em primeiro lugar, o resultado da desconsideração com que os cidadãos são tratados. Não são os cidadãos que se afastam da UE, mas sim o projeto europeu e as políticas prosseguidas que se situam muito distantes deles. E este Parlamento Europeu tem pouco relevo face àquele que exibem instituições não diretamente eleitas.

A destruição da realidade histórica das nações, para fazer emergir formas mais ou menos camufladas de império, é um dos grandes perigos instalados. Como membros de um Bloco de países como é a UE, temos regras comuns a construir e a cumprir, mas é inadmissível que sejam entidades externas - em obediência aos interesses de quem nessa “Comunidade” tem o poder - a impor-nos se podemos ou não investir na saúde, na educação, ou em infraestruturas. Os povos não se dividem em capazes e incapazes; possuem história, culturas e estados de desenvolvimento diferenciados e têm de ser capacitados para poderem ser responsabilizados e mobilizados.


 
 
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Manuel Carvalho da Silva



 
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