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12-05-2009        Diário de Coimbra
Este PS mostra-se cada vez mais incorrigível. Em artigo recente neste jornal, o Prof. Amadeu Carvalho Homem (DC, de 18/03/09) retratou-o de forma brilhante e com uma ironia notável, mostrando que o PS local é exactamente o oposto daquilo que devia ser.

A questão autárquica continua no segredo dos deuses e, deste modo, a coisa parece caminhar para uma situação tão pantanosa quanto insustentável. O lado bom de tudo isto é que, sem o perceberem, podem estar a preparar o funeral "deste"; PS. Quando se pensava que pior do isto seria impossível, parece que, afinal, será preciso bater ainda mais no fundo, para que algo de diferente venha a surgir no horizonte. Mas até lá o regabofe do manobrismo vai continuar, para gáudio dos seus actuais mentores. Não têm emenda. Torna-se evidente para toda a gente que a mudança, a existir, terá de surgir de fora. Precisa-se de uma autêntica refundação.

A pequena intriga e a mesquinha ambição dos dirigentes sobrepõe-se a tudo o resto. E mesmo quando no meio desse resto surge algo promissor, como foi recentemente o caso de umas reuniões e debates "abertos";, com a participação de especialistas prestigiados, sobre problemas candentes da cidade e das autarquias, ilustra como iniciativas louváveis podem revelar-se meras manobras para puro entretenimento dos mais ingénuos.

O conceito de "orçamento participativo"; tornou-se uma questão de grande actualidade porque faz parte de um conjunto de experiências internacionais, iniciadas no Brasil mas actualmente com crescente adesão na Europa, que apostam em novas modalidades de governança local, mais partilhada, mais democrática e em muitos casos com resultados fantásticos na defesa do património e no desenvolvimento local. Um tema sério e de grande importância na estratégia de uma gestão democrática e aberta à cidadania activa, debatido recentemente em Coimbra com o contributo do especialista e consultor Giovanni Alegretti na presença de muitos militantes e quadros do PS. A mesma coisa em relação às temáticas do urbanismo e do desenvolvimento regional, também há pouco debatidas com a colaboração de nomes como José Reis e Jorge Carvalho. A ideia destes debates seria, dizia-se, abrir a discussão e envolver os cidadãos num projecto credível para Coimbra, com o apoio do PS.

E o que resultou daí? Nada. Apenas mais uma oportunidade perdida. Os eternos jogos de cintura e a falta de coerência comprovam a incapacidade política das lideranças. Continua-se à espera de saber qual será a pressão mais forte e a negociata mais pérfida que vai forjar uns falsos ganhadores e tornar todos perdedores (em especial a cidade e o distrito). Os detentores do poder partidário e os seus eternos fiéis – aqueles que estando dependentes, por razões de interesse ou proximidade pessoal, não se cansam de alimentar as imaginárias qualidades políticas dos seus chefes e amigos (quase sempre "de conveniência";) – preferem enganar-se a si mesmos com os arranjos contabilísticos que entre si estabelecem, prometendo uns aos outros assegurar a vidinha no futuro próximo, do que assumirem com coragem um corte com os vícios instalados e com a lógica perdedora e medíocre que tem dominado as estruturas concelhia e distrital do PS nos últimos anos.

É preciso regressar à Política (com P grande) e não será com estes senhores que vamos lá! Tudo se decide entre os "amigalhaços"; do costume. E o que é ainda mais perverso é que mesmo aqueles que há pouco tempo atrás pareciam ferozes inimigos e se digladiavam entre si, se reconciliam com facilidade sob estes jogos nebulosos de trocas e baldrocas. "Se eu for para Bruxelas tu podes ser o candidato aqui; se A for num lugar elegível para a AR eu posso propor B para a câmara F; se C aceitar apoiar-me posso abdicar de D e vir a alinhar com E; se S concordar com o nome de M, aguentamos aqui um resultado menos mau...";. Ou seja, qualquer candidato que venha a resultar de um processo como este só pode ser um candidato fraco e perdedor (independentemente das suas eventuais qualidades). Eis, pois, o tacticismo que corrói e está a matar o PS de Coimbra. E assim se vai adiando o futuro da cidade e corroendo por dentro as bases da democracia.

 
 
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Elísio Estanque