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10-08-2022        A Tarde [BR]

O almejado processo de modernização exige suplantar determinadas barreiras. A principal, para realizar a industrialização tardia, é reconhecer a vulnerabilidade econômica frente aos fatores externos. Combater a desigualdade, ao engendrar um verdadeiro projeto de justiça social, e compreender que a baixa produtividade dos setores-chave da economia é o resultado de uma perniciosa parceria: a insuficiente capitalização e a baixa difusão do progresso técnico.

Assim, em 1974, apontava Celso Furtado como resultado de uma série de conferências proferidas em Portugal sobre a dialética “Desenvolvimento/Subdesenvolvimento”.  Sob recomendação dos líderes do Movimento das Forças Armadas (MFA) que - em uma coligação com os partidos socialista, comunista e da democracia popular - assumiram a gestão do Estado após a Revolução dos Cravos. O objetivo era avaliar as tendências estruturais e as perspectivas da economia portuguesa para integrar o seleto grupo de países desenvolvidos que decidem os rumos da economia global. Para isso, buscavam entender como sobrepujar o subdesenvolvimento que segundo os principais teóricos do tema - Hans Singer (1910/2006) e Paul Rosenstein-Rodan (1902/1985) - consistia em uma etapa histórica que todos os países desenvolvidos haviam passado.

Para Furtado, em contraposição, o subdesenvolvimento é um processo autônomo, dependente de inovação tecnológica externa e que amplia as desigualdades entre os países. Portanto, sem uma estratégia política de médio e longo prazos, países periféricos podem se modernizar e até mesmo serem inseridos no modelo de industrialização vigente, contudo sem alcançarem o real Desenvolvimento.

O debate, como podemos constatar, não se esgotou. Pelo contrário, é fundamental para pensar o Brasil neste período eleitoral. E, a partir de 2023, quem assumir a pasta executiva deverá pôr em prática o Plano de Desenvolvimento que consiga abarcar particularidades indivíduais em consonância com as aspirações da sociedade (ethos coletivo), prover a formação crítica na esfera política e compreender que é o fetichismo do valor que sustenta (fragilmente) o atual sistema.

Afinal, não basta apenas condenar as diversas formas de autoritarismo que germinam na sociedade, pois todas acentuam a instabilidade e a barbárie social. É preciso entender que promessas de campanha não são projetos de País, tampouco planos de governo asseguram a democracia de Estado. O relógio do tempo está a avançar e, corroborando com Furtado, somente com “a prática política poderemos indicar os caminhos a seguir na construção do quadro institucional que dê efetividade aos ideais de liberdade, bem estar e tolerância”. Esses pilares indispensáveis para emancipação.


 
 
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Antonio Carlos Silva



 
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